SIMPLESMENTE - F O R A S O B R I N H O

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Vamos colocar ele pra fora da Prefeitura

sábado, 19 de novembro de 2011

A CASA CAIU PARA O "IRMÃO VALTER"

 VALTER CAIU DO CAVALO

Certamente o deputado e presidente da Assembléia, Valter Araújo, também chamado de irmão Valter, por sua profunda ligação com a Igreja Assembléia de Deus poderá passar esse final de semana na Penitenciária Federal de Rondônia. A arrogância com que vinha se conduzindo no cargo de presidente do Legislativo rondoniense deverá dar lugar a um homem alquebrado. Valter, como tantos outros políticos locais metidos a “mais espertos” do que os outros, caiu do cavalo. Ele foi preso em flagrante pela Polícia Federal, no desenrolar da “Operação Termópilas”, criada para derrubar mais uma rede de corrupção no Estado, descoberta a partir de investigações sobre o desvio de recursos do SUS.


GANÂNCIA

Valter Araújo gosta de vangloriar-se de ser “temente a Deus” e irrepreensível seguir dos mandamentos de Cristo. Mas na prática, seus atos mostram-se dissociados dos ensinamentos da humildade (“Olhai os Lírios do Campo” não foi, ao que parece, uma leitura bíblica de sua predileção) e revela um insaciável desejo de acumular riquezas e poder. Foi certamente por isso, pela busca de dinheiro a qualquer custo, que neste momento ele já pode estar a caminho da Penitenciária Federal de segurança como suposto chefe de quadrilha, responsável por um rombo multimilionário nos combalidos cofres do estado.


MILHÕES

O grupo, desmantelado pela operação Termópilas, é acusado de ter desviado R$ 15 milhões nos últimos anos, mediante contratos fraudulentos firmados por empresas de fachada com a Secretaria de Saúde do Estado. Entre os alvos há empresários, servidores públicos e até um assessor do governador do Estado, Confúcio Moura.

Entre os crimes relacionados, estão corrupção ativa e passiva, extorsão, formação de quadrilha, peculato, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.


LEGISLADOR

A experiência de Valter Araújo como legislador (iniciado na Câmara Municipal de Porto Velho) era para fazer dele um cidadão exemplar, crente nas leis, levando em consideração os limites impostos aos homens públicos. Mas Valter, como tantos outros, passou – pelo visto – a acreditar que a corrupção é uma prática inerente à vida pública, ao exercício de cargos obtidos com o voto popular.

Como foi corregedor da Assembléia em legislatura anterior a essa e nunca fez realmente nada para punir colegas reconhecidamente corruptos, é provável que o irmão Valter passasse a acreditar que a legislação existente é insuficiente para punir quem rouba o dinheiro público ou a corrupção no estado. Ora, nesse cenário, os seus próprios “deslizes” seguramente acabariam em pizza. E assim Valter tratou de procurar o caminho da riqueza fácil e rápida, com negócios nebulosos com o estado, negócio viabilizados com facilidade por quem, como ele, detém mandato popular.


COISAS DO SISTEMA

Tá cheio de gente em cargos públicos no Estado acreditando nisso: o sistema, como um todo, é corrupto e corruptor. E assim, vale a lei de Gerson: “É preciso levar vantagem em tudo!”. E isso vale até o momento em que os chamados órgãos de controle decidem investigar com profundidade homens do tipo do irmão Valter.

O Ministério Público, o Tribunal de Contas pode trazer à tona a verdade dos fatos, exigindo a punição exemplar para todos os envolvidos.

A nós, integrantes da sociedade, cabe exigir dos deputados a saída de todos os corruptos da Assembléia Legislativa. Não é possível aceitar passivamente que sobreviva naquela Casa o famigerado sistema das contratações de comissionados em detrimento da lotação dos servidores de carreira.

Esse é um esquema criado para favorecer a corrupção e permitir mais uma nova edição do “Escândalo da Folha Paralela”, vergonha registrada nos tempos em que Donadon foi presidente da Casa.


MÍDIA INDEPENDENTE

O envolvimento de vários outros deputados nas denúncias que motivaram a investigação da “Operação Termópilas” revelou a dependência do colegiado que dirige a Assembléia, onde na verdade as decisões de Valter Araújo não podiam, ao menos serem contestadas.

Vários deputados revelam nas coxias seu descontentamento com “o desperdício” de dinheiro público em “propaganda” principalmente porque a chamada mídia independente está completamente alijada desse processo. Fora os queixumes, os deputados não tinham coragem de contrariar o “imperador”.

Se o Ministério Público aprofundar a investigação sobre as manipulações em torno dos “gastos de publicidade” do Legislativo possivelmente revelará um enorme ralo por onde corre muito dinheiro para a alegria de uns poucos felizardos.


DESAFIO PARA HERMÍNIO

Não se sabe por quanto tempo o deputado José Hermínio vai presidir a Assembléia, isso porque não dá para dizer quanto tempo Valter ficará na cadeia e nem se, ao retornar, os deputados irão aceitá-lo na presidência do Poder com suas vestes manchadas com a água fétida do pantanal da corrupção, de onde pretendia arrancar milhões do governo do estado.

Hermínio é um sujeito sério, que não mete a mão na cumbuca. Terá de agir friamente para identificar e combater a grande quadrilha que, como um bando de gafanhotos entranhados na folha de pagamentos age para saquear as finanças públicas.

E com referência ao pessoal, Hermínio certamente vai inaugurar uma nova agenda positiva. Ao contrário do presidente preso, Hermínio nunca adotou – enquanto foi presidente da Câmara Municipal – medidas arbitrárias para humilhar funcionários (como a de colocar servidores da Assembléia a serviço de outros órgãos, como a Justiça Eleitoral, sem qualquer consulta prévia se era ou não da conveniência do servidor da Casa) de carreira.


PÚBLICO & PRIVADO

Valter Araújo – se estiver menos arrogante nesse momento – deve estar refletindo sobre seu futuro político. Numa terra onde o eleitor ainda deixa à mostra sua tolerância com políticos bandidos, ele pode estar pensando em dar a volta por cima.

A verdade não é bem assim. A coluna já tinha alertado esse político que ele vinha rasurando a sua biografia e perdendo credibilidade até de parceiros de longos anos. Ao confundir o público com o privado o deputado irmão Valter é mais um em uma longa trajetória de políticos rondonienses que vêem sua carreira encerrada melancolicamente. No caso de Valter, com rasuras. No caso de Lindomar Garçom (agora sem mandato), com amargura, pois Garçom pelo menos não está sendo procurado pela polícia e ainda não meteu a mão na botija.


ESPERADO

O desfecho da trajetória do irmão Valter pode ser muito pior do que os fatos deste final de semana. Mas para o colunista é perfeitamente previsível. Até porque ele não tem formação política e administrativa para chefiar um Poder tão importante como o Legislativo Estadual, a não ser a ganância. Foi a tentativa de repetir Midas, a ganância desmesurada nas relações com o governo, que o levou ao cadafalso da mediocridade e ao deslumbramento com o poder e, agora, à cadeia.

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