BOMBA

Hermínio Coelho, Roberto Sobrinho e Fátima

Acomodem-se todos – de preferência em confortáveis poltronas- para apreciar o espetáculo chamado “projeto de oligarquia”, estrelado pela  cúpula do PT de Rondônia. Não perca a obra, mais empolgante a cada semana com encenações de causar inveja àqueles vencedores da maior honraria hollywoodiana!

Vamos ao roteiro.

Passaram-se semanas das denúncias de corrupção na Prefeitura de Porto Velho e o deputado estadual José Hermínio não apresentou uma única prova que corrobore com as informações, cantaroladas na tribuna da Assembléia Legislativa, de que Roberto Sobrinho é chefe de uma quadrilha nas hostes da municipalidade.

No último fim de semana, o parlamentar fez novas acusações ao prefeito, publicadas no jornal Folha de Rondônia. Hermínio foi categórico na assertiva de que Sobrinho recebe – a título de propina – o valor mensal de R$ 100 mil das empresas de transporte coletivo, daí a dificuldade de motoristas e cobradores em alcançar sucesso nas negociações salariais. Novamente, Hermínio diz ter provas, mas não apresenta.

Rebatendo a ferocidade do companheiro de partido, Roberto Sobrinho emitiu nota oficial informando ingresso de ações judiciais contra o deputado. Até agora a Justiça não tem registro de absolutamente nenhuma petição. Paralelo ao que publicamente é colocado como disputa interna no partido, o Diretório Regional também informou as devidas providências. De tudo restou apenas ameaças públicas.

Fato curioso, ainda, na ocasião de assinatura do decreto da transposição dos servidores públicos pela presidente Dilma Rousseff, na semana passada. Em um clube repleto de militantes do PT, a ex-senadora Fátima Cleide foi ovacionada tal qual Kate Middleton no casamento com o príncipe Willian. Já o pobre coitado Roberto Sobrinho recebeu vaia dos vermelhinhos que usavam, inclusive, aquele uniforme que petista coloca quando vai para a batalha.

O roteiro é tão bom quanto os dos filmes que surpreendem com “gran finale”. Em O Sexto Sentido, descobre-se nas últimas cenas que Bruce Willis é um fantasma. Em A Ilha do Medo, a revelação de que Leonardo Di Caprio é interno do hospício também está no fim da película. Se o espectador não prestar atenção, tudo passa despercebido. E assim a vida política rondoniense vem imitando a arte.

Analisemos o roteiro em desenvolvimento, cujo final está programado para outubro de 2012.

Afetado por uma avalanche de inoperância, Roberto Sobrinho está com a popularidade em baixa e, convenhamos, não é um Lula que se manteve longe dos desgastes da reeleição. O PT perdeu o Senado, o Governo e parte das cadeiras que ocupava nos legislativos. Agora, não quer ficar sem o poder do maior colégio eleitoral de Rondônia. É preciso fazer um sucessor, um nome que de preferência discorde da administração de Sobrinho para agradar a população portovelhense.

Esse nome é Fátima Cleide. José Hermínio nada mais é que o coadjuvante que espera apoio maciço em 2014 e Roberto Sobrinho um mero militante fiel que cumpre as determinações do partido. No decorrer do filme o final é bem previsível, passa pelo gabinete de Hermínio que abriga nada menos que o ex-coordenador do mandato da senadora derrotada nas últimas eleições, David Nogueira, e pela atuação da presidente do PT, Epifânia Barbosa, ex-secretária, muito amiga de Sobrinho e uma das organizadoras do evento onde o próprio foi vaiado. Capiche?

E que ninguém seja surpreendido se nos próximos capítulos for anunciada punição ou quiçá pedido de expulsão de Roberto do partido.
Todos e todas trabalhando firmes por um projeto de poder.